AGU se manifesta contra possibilidade de paciente do SUS pagar por atendimento
A Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestou de forma contrária à possibilidade de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) obterem, mediante pagamento, acomodações melhores na rede pública de saúde e contratação de médicos de sua preferência. A atuação ocorre em ação prevista para ser julgada nesta quarta-feira (02/12) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O caso envolve recurso do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) que negou pedido para permitir o pagamento no âmbito do SUS, prática conhecida como "diferença de classe".
Para a AGU, o acórdão do tribunal deve ser mantido pelo STF, já que eventual liberação poderia representar a transformação de cidadãos em "meros clientes" do SUS.
Segundo a Advocacia-Geral, tal entendimento reforçaria o "sentimento de um país de privilégios de poucos em detrimento do sofrimento de muitos", em especial se for levado em consideração que mais de 70% da população brasileira não tem plano privado de saúde e utiliza exclusivamente os serviços do SUS. Em manifestação encaminhada aos ministros do Supremo, a AGU argumenta que a desigualdade "não pode adentrar as portas do sistema público" que o país luta para construir "sem abrir mão de seus princípios inegociáveis".
Os advogados públicos observam, ainda, que a universalização da saúde pública foi uma conquista da sociedade brasileira consagrada na Constituição Federal de 1988 e que o pedido do conselho vai na contramão dos anseios da população, que exige cada vez mais acesso a saúde gratuita de qualidade.
A repercussão geral do recurso foi reconhecida pelo STF, ou seja, o que o tribunal definir deverá valer para todos os casos semelhantes sob análise da Justiça do país. O relator da ação é o ministro Dias Toffoli. Com informações da AGU.