Reflexões no Dia da Educação
Edson D’addio*
No próximo dia 28 de abril é celebrado o Dia da Educação. A data foi criada com o objetivo de incentivar e conscientizar as pessoas sobre a importância da educação na construção de uma sociedade mais justa e melhor. É fundamental que gestores escolares, famílias e governo aproveitem a ocasião para refletir de modo mais profundo sobre o que têm feito e, principalmente, deixado de fazer nesse trabalho tão relevante que é a construção de valores através do processo educacional.
É preciso destacar, antes de tudo, que a educação não é responsabilidade exclusiva de um lado, seja ele família, governo ou escola. No sentido mais amplo da palavra, a educação é um ato que envolve a sociedade como um todo. Claro, principalmente se essa sociedade compartilhar os mesmos valores necessários e capazes de formar cidadãos responsáveis, reflexivos e atuantes.
Nesse sentido, há um ponto de maior preocupação. Temos vivido tempos de rápida transformação, motivados muito pela tecnologia e pela cultura do imediatismo, do aqui e agora. Esse modo de vida que provoca agora uma sociedade disruptiva, ou seja, com padrões até então estabelecidos rompidos, com o seu “curso normal interrompido”, gera muita ansiedade e imensa insegurança nas famílias e, na verdade, em cada ser humano. A questão que surge é: diante desse novo modelo, como, então, devemos atuar em termos de educação para nossos alunos, filhos e cidadãos?
Para responder a essa questão, fundamentalmente, é necessário pensar e achar espaço para o diálogo. A mesma sociedade que preza pelo imediatismo também reclama por carência de diálogo pessoal, inclusive do contato físico, do olho no olho, de modo que cada pessoa tenha condições de falar e também de ser ouvida. É esse tipo de contato que nos trará de volta o poder de reflexão, outro ponto crucial no difícil, mas fantástico processo de educação.
Através da reflexão, conseguimos retratar a nossa capacidade de parar, ouvir e observar e então, mais seguros, tomar uma decisão, seja ela em qualquer âmbito. Faz parte da essência do ser humano a capacidade de refletir. Parece que a perdemos temporariamente, é preciso retomá-la.
Com poder reflexivo, tempo e dedicação ao diálogo será possível avaliar melhor quais ações conjuntas – educadores, família e sociedade – devem tomar para ajudar esse indivíduo que está em desenvolvimento, para que ele seja capaz de se perceber igualmente integrante e responsável pela coletividade que ele vive.
Vale, aqui, uma importante ressalva. Essa coletividade hoje não é mais a cidade, estado ou país que esse jovem em desenvolvimento reside, mas o planeta, já que ele é um cidadão global. Isso porque as fronteiras estão caindo, o mundo, mais do que nunca, está globalizado, muito embora em alguns momentos encontramos grupos polarizados e que, ao contrário do caminho natural, ainda escolhem se fechar. Aliás, é justamente por essas diferenças encontradas que enxergamos como esse mundo atual, repleto de antagonismos, pode encher de insegurança todos os responsáveis pelo processo educacional.
Temos, assim, mundialmente, um enorme desafio na educação atual. O desafio de fazer com que o ser humano tenha conhecimento, que seja capaz de refletir, criar e atuar, percebendo o seu papel dentro da coletividade e também como é peça importante no trabalho para o bem comum. A tarefa é complexa e exige empenho máximo da escola, bem como das famílias e de nossos governantes.
* Edson D’Addio é educador e diretor pedagógico do Colégio Palmares