Previdência em cooperativas ganha participação
Com taxas mais atrativas que as dos grandes bancos e seguradoras, os planos de previdência das cooperativas de crédito estão conquistando espaço e, diante de mudanças de regras do Banco Central, devem ampliar ainda mais sua participação no mercado. Os chamados planos de previdência complementar, sejam eles abertos (previdência privada) ou fechados (fundos de pensão), costumam trabalhar com duas taxas, de administração - cobrada anualmente do cliente - e de carregamento, cobrada a cada depósito. As informações são do DCI.
Nos cinco maiores bancos do País, que controlam 90% dos recursos investidos em fundos de previdência, as taxas de administração costumam ficar entre 1% e 3% ao ano, mas chegam a até 3,5% ao ano, no caso de fundos com perfil mais arrojado, que investem em aplicações mais complexas e com maiores riscos - como operações compromissadas e ações.
Nos dois sistemas de cooperativas de crédito que trabalham com fundos de pensão consultados pelo DCI, o Sicoob e o Unicred, a taxa de administração fica entre 0,27% e 0,5%. Na Sicredi, que trabalha com previdência privada, como os bancos, fica entre 0,7% e 3%."Como as cooperativas de crédito não visam o lucro, nós podemos cobrar taxas menores, que servem apenas para custear a parte operacional, como funcionários e sistemas", afirmou o presidente da Unicred, Léo Trombka.
No caso das taxas de carregamento, o valor pode chegar a 5%, segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), porém costuma ser regressivo nos grandes bancos - diminui à medida que o valor provisionado na instituição cresce.
No Sicoob é cobrada, inicialmente, uma taxa de 2,5% por contribuição, e na Sicredi entre 0% e 0,5%, enquanto a Unicred não cobra taxa de carregamento. "Nós trabalhamos basicamente com renda fixa, especialmente títulos do tesouro. Estamos buscando uma boa rentabilidade, mas também segurança", afirmou José Vicente da Silva, diretor superintendente da Sicoob Previ. Para se ter acesso às previdências das cooperativas é necessário ser um associado.
Evolução
Criada em 2004 para seus associados, a Quanta Previdência, entidade fechada de previdência complementar do sistema Unicred, administra atualmente o
maior plano de previdência instituído do Brasil, o fundo de pensão Precaver, segundo a Associação Brasileira das Entidades Fechados de Previdência Complementar.
Dados da Abrapp apontam que o Precaver registrou um crescimento de 42,3% na carteira de investimentos entre setembro de 2013 e setembro de 2014, encerrando o terceiro trimestre do ano passado com R$ 854,7 milhões em recursos.
Já o fundo Sicoob Multi Instituído, do Sicoob Previ, criado em 2008, registrou alta de 42,8% no período, e hoje possui R$ 121,8 milhões em ativos. O volume de recursos dos fundos das cooperativas ainda é pequeno perto de fundos de pensão como o Previ, do Banco do Brasil, que tem investimentos de R$ 174 bilhões, e o Petros, da Petrobras, com R$ 68,8 bilhões, porém, com uma base de clientes ainda pequena, está expandindo em ritmo acelerado - os fundos das estatais cresceram apenas 6,2%.
A Sicredi, por sua vez, trabalha com previdência complementar aberta, como os bancos e as seguradoras. Na cooperativa, os recursos passaram de R$ 303,6 milhões em dezembro de 2013 para R$ 374 milhões no mesmo mês do ano passado, alta de 23,1%. O volume representa participação de 0,1% do total de R$ 433,8 bilhões depositados nos fundos de previdência privada.
O número de clientes também vem aumentando exponencialmente nos fundos de previdência nas cooperativas. O Sicoob Previ, que em 2013 tinha 22,3 mil participantes, já conta com 31 mil pessoas. A Quanta viu seus participantes passarem de 26,3 mil para 34,7 mil e a Sicredi Previdência de 51 mil para 57,1 mil.
No final de 2014, o Banco Central colocou em consulta pública uma minuta (rascunho) de resolução que, entre outras modificações, altera a segmentação das cooperativas de crédito, passando a classifica-las por nível de risco, além de facilitar a associação às entidades.
"As pessoas que hoje só podem recorrer aos bancos e estão expostas a juros altos vão poder se associar às cooperativas ter toda a prestação de serviços financeiros, inclusive a previdência", apontou Paulo Vieira, consultor jurídico do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) de S. Paulo, as cooperativas de crédito possuíam R$ 148,3 bilhões em ativos, o que representava uma fatia de 2% total de recursos do mercado financeiro. Em 2009, os ativos das entidades somavam R$ 51,9 bilhões - ou seja, quase triplicaram o tamanho, enquanto os bancos dobraram.